domingo, junho 04, 2006
Acordes
Recordo sempre aquelas tuas palavras, tão distantes agora, socorro-me sempre com a tua imagem quando quero escrever alguma coisa que me toque um pouco, que me agarre com um pouco mais de violência, muito mais do que a dos teus braços, que foi sempre tão suave.
Já me pediram, já me pediste, que escrevesse, mas não consigo. Não trouxe comigo as letras, não trouxe a fonética, deixei a gramática no armário. E este chão nem os acentos me dá, que ironia tão literal. Não consigo dizer esta falta que tudo me faz, o calor de Junho na pele, o cheiro do mar que começa a nascer nos cantos da minha cabeça, o sorriso do sol que se arrasta na minha pele e que me faz brilhar os olhos. O amanhecer, entre o calor e o frio, os pijamas arrumados no armário definitivamente, as t-shirts velhas, andar nua, nua pela casa, nua de lágrimas que deixo guardadas com o fim de Março, só para as ir buscar em Novembro, que o tempo passa tão depressa, tão depressa. O entardecer com tantos sons que me fazem querer ficar ali naquele momento para sempre, sem pensar, sem pensar mais, sem querer mais nada, nem os teus braços quero, só quero o mês de Junho, morno, não quente como Julho, não tépido como Setembro nem taciturno como Agosto, só quero o calor morno de Junho que me abraça, ainda melhor que os braços que normalmente me rodeiam. Troquei-te por um mês de Junho, morno, porque os teus braços estavam longe, por um mês de Julho quente, porque os teus braços estavam frios, por um Agosto eterno e tácito, porque já te tinhas ido e nem me dei conta.
Porque é que escrevo sempre ao som desta música?
Porque é que posso estar meses, anos sem uma única porta aberta, e quando oiço dois acordes desta música parece que uma torrente de letras escorre pelos meus dedos, pelas minhas mão, pela minha cabeça. São tantas que nunca vou conseguir marcá-las toda a tinta. Aquelas que estão marcadas a sangue ficam só entre o papel e os meus olhos, não sou capaz de as apagar tão pouco.
Nunca fiz elegias a meses que me fazem feliz, mas Junho é definitivamente um deles.
Já me pediram, já me pediste, que escrevesse, mas não consigo. Não trouxe comigo as letras, não trouxe a fonética, deixei a gramática no armário. E este chão nem os acentos me dá, que ironia tão literal. Não consigo dizer esta falta que tudo me faz, o calor de Junho na pele, o cheiro do mar que começa a nascer nos cantos da minha cabeça, o sorriso do sol que se arrasta na minha pele e que me faz brilhar os olhos. O amanhecer, entre o calor e o frio, os pijamas arrumados no armário definitivamente, as t-shirts velhas, andar nua, nua pela casa, nua de lágrimas que deixo guardadas com o fim de Março, só para as ir buscar em Novembro, que o tempo passa tão depressa, tão depressa. O entardecer com tantos sons que me fazem querer ficar ali naquele momento para sempre, sem pensar, sem pensar mais, sem querer mais nada, nem os teus braços quero, só quero o mês de Junho, morno, não quente como Julho, não tépido como Setembro nem taciturno como Agosto, só quero o calor morno de Junho que me abraça, ainda melhor que os braços que normalmente me rodeiam. Troquei-te por um mês de Junho, morno, porque os teus braços estavam longe, por um mês de Julho quente, porque os teus braços estavam frios, por um Agosto eterno e tácito, porque já te tinhas ido e nem me dei conta.
Porque é que escrevo sempre ao som desta música?
Porque é que posso estar meses, anos sem uma única porta aberta, e quando oiço dois acordes desta música parece que uma torrente de letras escorre pelos meus dedos, pelas minhas mão, pela minha cabeça. São tantas que nunca vou conseguir marcá-las toda a tinta. Aquelas que estão marcadas a sangue ficam só entre o papel e os meus olhos, não sou capaz de as apagar tão pouco.
Nunca fiz elegias a meses que me fazem feliz, mas Junho é definitivamente um deles.
